Já há alguns anos, cidades pequenas do interior do Brasil, não faziam mais os bailes de carnaval, como aconteciam por muitas décadas até recentemente. Eram quatro dias de festas e entrelaçamento de famílias e jovens, que fantasiados ou não, pulavam em salões enfeitados com muitas cores e ali a ordem era apenas diversão.
Muitos se reuniam em blocos e animavam ainda mais as noites e matinês, ao som de marchinhas que marcaram época: Olha a cabeleira do Zezé, Coração corintiano, Mamãe eu quero, O abre alas, Cachaça não é água, Oh Jardineira, Me dá um dinheiro ai, Sassaricando, O teu cabelo não nega; e também as que acalmavam, dando descanso a todos: Máscara negra e Bandeira Branca.
Em Nova Esperança, por exemplo, com som ao vivo do Geraldo e Seus Metais o C.C.C. era o palco principal carnavalesco, e aos domingos alguns jovens foliões vestiam-se a rigor, fantasiados de mulher, e o clima de carnaval era mantido até no futebol. Também o clube tradicionalmente nipônico, se rendia à festa que dizem profana, o ACENE, os bloquinhos de ruas que se juntavam no majestoso Ginásio de Esportes, para a grade festa popular, incentivados pela prefeitura.
Porém, neste ano de 2021, não houve comemoração do Rei Momo, nem nos santuários do samba, na Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, nem no Anhembi em São Paulo. Tampouco os trens elétricos tão festejados no nordeste do país saíram pelas ruas, levando uma multidão sacolejando atrás.
Da mesma forma como no ano de 1918, por conta da gripe espanhola, neste 2021 foi a Covid-19 a não permitir a festa de Momo e seus seguidores.
Nas quadras das Escolas de Samba, sem a movimentação dos enfeites nos carros alegóricos, sem as fantasias, sem os sambas de enredo, apenas o silêncio, talvez a convidar a todos para uma reflexão sobre o valor da vida, sobre os cuidados com a saúde e principalmente o relacionamento de amor, carinho e perdão que devemos ter uns com os outros, independente de qualquer diferença, seja ela religiosa, política, de raça, de nível social.
Fica então a esperança, de que a exemplo do ano de 1919, quando vencida a gripe espanhola, aconteceu um dos melhores carnavais de todos os tempos, com todas as pessoas “celebrando” a Vida.