Diversidade de árvores, floradas é uma das maiores reservas de Mata Atlântica do país. Os apicultores do Oeste do Paraná, localizados nas imediações do Lago de Itaipu, produzem um mel diferenciado. Com sabor característico e produtividade acima da média nacional, o Mel do Oeste do Paraná ganhou fama nacional e desde 2017 possui Indicação Geográfica concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
O Mel do Oeste está contemplado na série de reportagens da Agência Estadual de Notícias sobre os 12 produtos com Indicação Geográfica que fazem do Paraná o terceiro estado com mais certificados no Brasil.
Ao todo, 48 municípios estão dentro da delimitação geográfica da indicação, produzindo mel da Apis (Abelha Europa Africanizada) e da Jataí, uma abelha nativa sem ferrão. Mas o que todas estas cidades têm em comum é que estão inseridas num bioma muito específico, formado pela área de reflorestamento que se estabeleceu ao redor do Lago de Itaipu. A riqueza e a diversidade das árvores e floradas melhoram a qualidade e produtividade do mel.
A Cooperativa Agrofamiliar Solidária (Coofamel), localizada no município de Santa Helena, foi a requerente do reconhecimento. Ela reúne, sobretudo, agricultores familiares. De acordo com Antônio Henrique Schneider, presidente da Coofamel, a cooperativa surgiu em 2006 para organizar a produção de mel da região – hoje são cerca de 150 cooperados. Segundo ele, após organizar o grupo e a assistência técnica ao produtor, surgiu a necessidade de agregar valor ao produto.
“Assim nasceu a ideia da Indicação Geográfica. Foi um trabalho amplo, com diversas frentes, para provar que o nosso produto é diferenciado”, afirma.
Dos 150 produtores cooperados, cerca de 40 produzem o mel com IG. Ou seja, eles cumprem um checklist – chamado de caderno de campo – de pelo menos 80 itens que vão desde modo de fazer, manejo, tipo de colheita, manutenção do apiário, até o material utilizado.
ANÁLISES – A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) fez todas as análises para verificar o que o mel da região tem de diferente. E, de fato, ficou comprovada cientificamente a riqueza do produto. O fato de os produtores estarem estabelecidos às margens do Lago de Itaipu permite que as abelhas tenham acesso a uma grande biodiversidade que influencia diretamente no sabor do mel e a produtividade das colmeias.
A professora doutora Regina Conceição Garcia, docente do curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon, conta que a instituição de ensino superior trabalha em parceria com a associação de apicultores, Apioeste, desde 2005.
“Naquela época, conseguimos aprovar, junto à Itaipu e ao CNPq, um trabalho para iniciar as análises físico-químicas do mel, além das análises polínicas. Também levantamos as condições de trabalho dos apicultores. Foi com base na conclusão destes primeiros estudos que nasceu, em 2006, a Coofamel”, explica.
Em 2008, com auxílio de projeto aprovado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior e a Universidade Gama Filho (Seti/UGF), o grupo de pesquisa realizou o georreferenciamento de 300 apiários da região. Depois, anualmente, a universidade seguiu fazendo análises do mel produzido na região, dando retorno tanto para a cooperativa quanto para os apicultores. Somente em 2015 começou a ser construída a ideia de pleitear a indicação geográfica.
“Fazíamos essas análises físico-químicas, algumas microbiológicas e também análises melissopalinológicas, que são análises da origem botânica do mel. Nas reuniões com o pessoal do Instituto Nacional de Propriedade Industrial foi demonstrado todo esse trabalho, e que os resultados das análises haviam sido publicados em forma de trabalhos científicos. Tudo corroborou para comprovar a qualidade do mel da região”, recorda Regina.
Após a obtenção da IG junto